Prefeito tucano de Franca tem 10 dias para se defender de processo de cassação

Ferreira foi notificado sobre abertura de comissão processante nesta segunda.
Câmara analisa crimes políticos na contratação de supostos falsos médicos.

Do G1 Ribeirão e Franca
O prefeito de Franca (SP), Alexandre Ferreira (PSDB), tem dez dias para apresentar sua defesa à Comissão Processante (CP) que analisa crimes políticos e administrativos na contratação do Instituto Ciências da Vida (ICV) e na suposta atuação de falsos médicos na rede municipal de saúde.

O chefe do Executivo foi notificado pelos membros do comitê parlamentar nesta segunda-feira (25), mesma data em que a CP recebeu da presidência da Câmara denúncias apuradas desde o ano passado por uma Comissão Especial de Inquérito (CEI), cujo relatório apontou superjornadas de trabalho e lançamento de "plantões fantasmas" no Pronto-Socorro "Doutor Álvaro Azzuz" e recomendou o processo de cassação de Ferreira.

De acordo com o relator da comissão processante, Márcio do Flórida (PT), os trabalhos do grupo ficam parados à espera das alegações do prefeito.

"A comissão teria cinco dias, mas decidimos notificá-lo hoje mesmo [segunda-feira] para que o processo ande mais rápido. Ele foi notificado e tem dez dias para apresentar a defesa dele por escrito", afirma Flórida, que presidiu a CEI que resultou no processo de cassação.

A assessoria de imprensa da administração municipal confirmou que Ferreira recebeu a notificação, mas não comentou as denúncias. Anteriormente, ele afirmou considerar importante a apuração do caso, que obedeceu procedimentos legais na contratação e que espera ter espaço para apresentar sua versão dos fatos.

90 dias
Segundo o relator, a comissão tem 90 dias para emitir um parecer sobre o processo de cassação do prefeito de Franca.

Ao término dos dez dias concedidos para que Alexandre Ferreira apresente suas alegações, o grupo - também formado pelo presidente Daniel Paulo Radaelli (PMDB) e pelo terceiro membro Cordeiro (PSB) - deve deliberar pela continuidade ou pelo arquivamento do trâmite em cinco dias.

Se a comissão processante discordar das justificativas do prefeito e decidir por seguir com os trabalhos, o grupo inicia a fase de instrução para depoimentos e produção de provas que se encerra em três meses com o parecer de Flórida, que deverá ser levado para votação no plenário.

Irregularidades
O relatório que embasou a abertura da comissão processante responsabiliza Ferreira e a atual secretária da Saúde, Rosane Moscardini, por prorrogarem indevidamente com o ICV, e por sucessivas vezes, um contrato emergencial que dispensava licitação e deveria ter se limitado a 180 dias.

O documento também aponta que a secretária da Saúde sabia da falsificação de fichas de pacientes, praticada por profissionais contratados pelo ICV.

O caso ganhou repercussão nacional em julho do ano passado, quando foi preso o primeiro profissional que atuou no pronto-socorro usando registro de outro médico. Além dele, outros oito profissionais foram identificados por suspeita de praticar o mesmo crime.

As denúncias também são investigadas pela Polícia Civil e pelo Ministério Público, que moveu dois processos: uma ação cautelar que resultou no bloqueio de novos pagamentos à empresa e um ação civil pública que acusa representantes da Prefeitura e do ICV de improbidade administrativa.

Ao todo, o MP estima que cinco mil atendimentos foram realizados pelos falsos médicos entre 2014 e 2015.

A contratação desses profissionais foi realizada pelo ICV, empresa que prestava serviços na área de Saúde à Prefeitura de Franca. O instituto nega as acusações.

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