O Brasil tem apresentado, em 2024, um aumento expressivo de casos de dengue, importante problema de saĂşde pĂşblica no paĂs há cerca de 40 anos. Desde o ano passado, o MinistĂ©rio da SaĂşde está em constante monitoramento, acompanhando o cenário epidemiolĂłgico e direcionando ações estratĂ©gicas de prevenção e cuidado. O controle da dengue e do mosquito Aedes aegypti estĂŁo entre os maiores desafios da saĂşde pĂşblica no Brasil e no mundo, exigindo ações de todas as esferas da gestĂŁo e participação ativa da população. Nesta terça-feira (27), o MinistĂ©rio da SaĂşde atualizou o cenário e as ações de controle. Entre as novidades, está a realização do Dia D no prĂłximo sábado, 2 de março, uma mobilização nacional para reforçar as ações de prevenção e eliminação dos focos do mosquito, com o tema ‘10 minutos contra a dengue’.
A ministra da SaĂşde, NĂsia Trindade, reforçou a mobilização em todo o paĂs. “Faço aqui um chamamento Ă sociedade, aos profissionais de imprensa, para que estejam conosco no Dia D - Brasil unido contra a dengue, no prĂłximo sábado. Este Ă© um momento de atenção nĂŁo sĂł das autoridades sanitárias, do MinistĂ©rio da SaĂşde, mas tambĂ©m de toda a sociedade”, alertou. “Ainda que essa pauta esteja concentrada na saĂşde, há uma importante discussĂŁo interministerial para enfrentamento dessa doença a mĂ©dio e longo prazo, para isso temos reforçado ações estruturantes, com o papel fundamental do Presidente Lula nessa articulação”, complementou.
O aumento no nĂşmero de casos neste perĂodo do ano nĂŁo era esperado, considerando as tendĂŞncias histĂłricas, que indicam o pico das epidemias entre março e abril. Os motivos para esta situação diferente do esperado tĂŞm raĂzes mĂşltiplas, mas as alterações climáticas, em especial na Ă©poca de chuvas, e a mudança nos sorotipos circulantes da dengue, sĂŁo alguns dos principais fatores. A imunidade para dengue Ă© sorotipo-especĂfica, entĂŁo a circulação de diferentes sorotipos aumenta o risco de disseminação da doença porque alcança parte da população sem defesas (imunidade).
Atualmente, 17 unidades da federação estĂŁo com incidĂŞncia de dengue 1 em nĂveis acima do esperado histĂłrico. Dessas, 15 estĂŁo com tendĂŞncia crescente e espera-se que essa tendĂŞncia persista pelo menos atĂ© o final de março, em boa parte do paĂs. AlĂ©m disso, Ă© importante ressaltar que outros vĂrus podem estar circulando, como o oropouche, na regiĂŁo Norte. DaĂ a importância dos esforços feitos para fortalecer a vigilância sentinela e virolĂłgica. Desde o inĂcio de 2024 atĂ© agora foram notificados cerca de 973 mil casos suspeitos de dengue no paĂs, principalmente nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, com 195 Ăłbitos confirmados e 672 em investigação.
Entre as ações estratĂ©gicas coordenadas pelo MinistĂ©rio da SaĂşde está a ampliação para R$ 1,5 bilhĂŁo os recursos para emergĂŞncias, como o enfrentamento da dengue. Em 2023, a pasta já havia reservado R$ 256 milhões para esse fim. AlĂ©m disso, houve otimização para acelerar a liberação de recursos para estados e municĂpios que decretarem emergĂŞncia, seja por dengue, outras arboviroses ou situações que acometam a saĂşde pĂşblica. Nesta terça-feira, o primeiro repasse foi autorizado, totalizando R$23,4 milhões para municĂpios de Minas Gerais, Goiás, Rio de Janeiro, SĂŁo Paulo, alĂ©m do Distrito Federal.
Para ampliar e agilizar a organização de estratĂ©gias de vigilância, o MinistĂ©rio da SaĂşde instalou um Centro de Operações de EmergĂŞncia - COE Dengue, em atuação coordenada com estados e municĂpios. A medida permite uma análise minuciosa, porĂ©m ágil, dos dados e das informações para subsidiar a tomada de decisĂŁo e definição de ações adequadas e oportunas para o enfrentamento dos casos.
TambĂ©m foram realizadas visitas tĂ©cnicas em apoio aos estados do Paraná, Minas Gerais, Goiás e Distrito Federal para organização dos serviços de assistĂŞncia e um Curso de Qualificação em Arboviroses, em parceria com o Conasems, voltado para os profissionais de saĂşde: mais de 40 mil profissionais já participaram. Ainda juntamente com o COE Dengue, o MinistĂ©rio da SaĂşde se reuniu com prefeitos, governadores, agentes de saĂşde, sociedades cientĂficas e entidades mĂ©dicas, para alinhamento de ações efetivas.
Confira a apresentação de slides
Combate ao mosquito nas escolas
Em mais um importante passo para o enfrentamento das arboviroses, o governo federal lançou, na Ăşltima quarta-feira (21), uma mobilização nas escolas pĂşblicas do paĂs contra o mosquito Aedes aegypti. AlĂ©m de chamar e sensibilizar estados e municĂpios, a ação tambĂ©m faz parte da retomada do Programa SaĂşde na Escola, reestruturado em 2023 e marca a uniĂŁo de esforços dos MinistĂ©rios da SaĂşde e da Educação, ressaltando a urgĂŞncia de combater o mosquito. SerĂŁo 20 semanas de atividades e engajamento das comunidades escolares. No âmbito do programa, 25 milhões de estudantes serĂŁo orientados em mais de 102 mil instituições pĂşblicas de ensino.
Realizado durante a semana de abertura do calendário escolar das escolas pĂşblicas, o evento “Brasil unido contra a dengue: combate ao mosquito nas escolas” foi aberto Ă comunidade local. Agentes de Combate Ă s Endemias estiveram presentes para demonstrar a importância da eliminação de focos do mosquito e reforçar seu papel de proteção junto Ă comunidade. Segundo o 3Âş Levantamento Rápido de ĂŤndice de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa) e o Levantamento de ĂŤndice Amostral (LIA) do MinistĂ©rio da SaĂşde, 75% dos criadouros do mosquito da dengue estĂŁo nos domicĂlios, como em vasos e pratos de plantas, garrafas retornáveis, pingadeira, recipientes de degelo em geladeiras, bebedouros em geral, pequenas fontes ornamentais e materiais em depĂłsitos de construção (sanitários estocados, canos e outros).
Outras ações estratégicas para enfrentamento das arboviroses
Em novembro de 2023, como parte das ações de comunicação regionalizada, o MinistĂ©rio da SaĂşde lançou novas campanhas de mobilização social, voltadas Ă realidade de cada regiĂŁo do paĂs e peculiaridades desse cenário epidemiolĂłgico. Em dezembro, foi instalada a Sala Nacional de Arboviroses, um espaço permanente de monitoramento em tempo real dos locais com maior incidĂŞncia das doenças. Com a medida, Ă© possĂvel direcionar as ações de vigilância de forma estratĂ©gica nas regiões mais afetadas.
Ainda em novembro, a pasta emitiu uma Nota de Alerta sobre o aumento de casos de dengue e chikungunya no territĂłrio nacional. Diante disso, o MinistĂ©rio da SaĂşde qualificou, ano passado, cerca de 12 mil profissionais de saĂşde, entre mĂ©dicos e enfermeiros, para atuarem como multiplicadores para manejo clĂnico, vigilância e controle da doença. A medida permitirá a rápida identificação da doença.
O MinistĂ©rio da SaĂşde normalizou os estoques de inseticidas, que estavam em situação crĂtica desde o inĂcio de 2023. Todos os estados estĂŁo abastecidos com os insumos. O reabastecimento tambĂ©m foi possĂvel para os testes diagnĂłsticos de controle da dengue: 126,04 mil reações de teste sorolĂłgico foram distribuĂdas, alĂ©m de 47,6 mil unidades de exames de biologia molecular. Houve aquisição, ainda, de sais de reidratação oral, equipamentos portáteis para contagem de hemácias e de plaquetas.
A nova gestĂŁo do MinistĂ©rio da SaĂşde tambĂ©m expandiu, em 2023, o mĂ©todo Wolbachia como estratĂ©gia adicional de controle das arboviroses. A pasta fez o repasse de R$ 30 milhões para ampliar a tecnologia em seis municĂpios: Natal (RN), Uberlândia (MG), Presidente Prudente (SP), Londrina (PR), Foz do Iguaçu (PR) e Joinville (SC), alĂ©m das cidades já incluĂdas na pesquisa. AlĂ©m disso, o Brasil Ă© o primeiro paĂs do mundo a oferecer o imunizante no sistema pĂşblico universal.
O MinistĂ©rio da SaĂşde reforça, no entanto, que a principal medida de prevenção Ă© a eliminação dos criadouros do mosquito. DaĂ a importância de receber os Agentes de Combate a Endemias e Agentes Comunitários de SaĂşde, que vĂŁo ajudar a encontrar e eliminar possĂveis criadouros.
Fique atento!
Em caso de febre, dor de cabeça, dores atrás dos olhos ou no corpo, náuseas e manchas na pele, procure imediatamente a Unidade Básica de Saúde mais próxima de sua casa. Não faça uso de medicamentos sem conhecimento médico.
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