Números da violência no campo

Na mesma semana em que o massacre de Eldorado do Carajás completou 26 anos, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) divulgou o relatório Conflitos no Campo Brasil 2021, que mostra um aumento nas mortes e outras violências decorrentes de conflitos pela terra no ano passado.

Marcha Demarcação Já, durante o Acampamento Terra Livre 2022 em Brasília - Andressa Anholete

O relatório destaca a atuação de entes privados, como fazendeiros, pistoleiros por encomenda e agromilícias, mas reconhece a atuação do poder público. O que chama a atenção é o papel que o garimpo ilegal passa a ocupar nesse cenário: garimpeiros foram responsáveis por 92% das mortes por conflitos registradas pela CPT em 2021. A atuação de garimpeiros resultou na morte de 101 indígenas, todos eles da etnia Yanomami, no ano passado.

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Um levantamento do Mapbiomas divulgado no “Dia do Índio” (19), confirma que as Terras Indígenas (TIs) estão entre as principais barreiras contra o avanço da devastação ambiental. Nos últimos 30 anos, as TIs perderam 1% da vegetação nativa. Já nas áreas particulares a perda foi de 20,6%. A preservação, no entanto, ocorre às custas de assassinatos e episódios violentos. Segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT), em 2021 os indígenas foram as principais vítimas de assassinatos, mortes indiretas e episódios violentos provocados por conflitos no campo.

No ano passado, por exemplo, um grupo de indígenas isolados foi massacrado por garimpeiros quando tentava expulsá-los de seu território, conforme apontou a CPT. Das 109 mortes causadas indiretamente por conflitos no campo em 2021, 101 foram de indígenas - todos Yanomami.

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“Os números [da violência no campo] têm crescido ainda mais nesse período de ruptura política no Brasil a partir de 2015 e 2016. E têm se intensificado muito mais durante o governo Bolsonaro”, afirmou a advogada e coordenadora do CPT, Andréia Silvério.

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