Uma imagem que diz muito

Você já tinha visto essa imagem?

 Foto: Alan Santos/PR

Ela mostra o filho de um presidente e vereador de um município brasileiro sentado à mesa com autoridades de outra nação como se fosse um diplomata ou um Ministro de Estado. 

Se você olhar direitinho, vai ver o Walter Braga Netto, Ministro da Defesa, quase caindo da mesa. Outros dois ministros estão fora da mesa: Luiz Eduardo Ramos e Augusto Heleno. Há muito tempo que os generais topam ser humilhados em troca de mamatas como acúmulo de salários e outras benesses. Mas não é disso que vamos falar. 

O que Carlos Bolsonaro foi fazer na Rússia? Com quem ele se encontrou? Quem bancou a viagem dele? Quem o acompanhou? Ele encontrou autoridades russas sozinho?

O planeta inteiro sabe da disposição de Moscou para desestabilizar democracias com tropas digitais e outras artimanhas modernas. Daí que não é absurdo questionar: foi atrás disso que Carlos viajou?

É curioso notar como eles não fazem a mínima questão de serem discretos. O filho do presidente poderia não aparecer ou até viajar em outro momento. É curioso, mas não surpreende. Aparecer, aparecer muito, passar uma imagem de que não teme nada nem ninguém é parte da estratégia bolsonarista. 

Isso não é novidade, é o bê-a-bá do fascismo. O mesmo Bolsonaro que aparenta ser um homem simples, gente como a gente, precisa também se mostrar destemido, capaz de colocar pra fora tudo aquilo que um cidadão comum falaria, mas não tem coragem; capaz de ir contra o sistema, o STF, os comunistas. 

Ou seja: não adianta nos enganarmos achando que Carlos Bolsonaro só quis causar um rebuliço nas redes sociais: eles estão em campanha e com a faca nos dentes. Estão em campanha para conquistar votos e ao mesmo tempo trabalhando para encontrar meios de melar as eleições. 

A pergunta que fica é: e nós, do campo democrático, o que faremos? Vamos nos fiar apenas nas pesquisas que há meses demonstram que Bolsonaro perde em todos os cenários? Vamos esperar que eles articulem suas estratégias sujas e violentas e só aí vamos reagir?

Claro que não estou sugerindo que joguemos com as mesmas táticas de Bolsonaro. Isso seria impossível. Mas há outros meios — e o jornalismo independente é um deles. Em diversas ocasiões já mostramos a força que investigações e denúncias de verdade têm no jogo político. 



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