'Larguem o osso, saiam do governo', diz Cid à 'oportunistas' na Câmara

Cid Gomes transmite na tribuna da câmara o sentimento de desabafo do povo brasileiro em relação a alguns deputados que não querem largar do osso...

Eu prefiro ser acusado por ele [Eduardo Cunha]
do que ser como ele, acusado de achaque”
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 afirmou Cid Gomes
O ministro da Educação, Cid Gomes, fez nesta quarta-feira (18), na tribuna da Câmara, um apelo aos deputados "oportunistas", que detêm cargos na administração federal mas não dão apoio ao governo no Congresso, para que "larguem o osso, saiam do governo".

Mesmo afastado até a próxima sexta-feira (20) por motivos de saúde, Cid Gomes foi à Câmara por convocação, devido a uma declaração dada no último dia 27, durante palestra a estudantes da Universidade Federal do Pará. Na ocasião, afirmou que a Casa tem de 300 a 400 parlamentares que "achacam". "Eles [deputados federais] querem é que o governo esteja frágil porque é a forma de eles achacarem mais, tomarem mais, tirarem mais dele, aprovarem as emendas impositivas", disse o ministro em Belém.

Mas, vamos entender o que significa uma pessoa achacador!

Achacador, é quele que achaca alguém, extorquindo-lhe dinheiro. Ladrão vigarista. Autoridade que recebe dinheiro de gatunos. E neste país onde impera o corporativismo desgraçado, é lógico que o presidente da Câmara dos Deputados iria pedir a cabeça daquele que em momento algum falou inverdades. A maior prova disso está na imposição quando mandou recado para presidente Dilma ao dizer que, se Cid Gomes​ continuasse no governo iria haver boicote da "base de apoio" ao governo.

Ex-governador do Ceará, Cid Gomes (PROS) iniciou a fala na Câmara dizendo que "respeita" o Congresso e admitindo que deu a declaração. "Que me perdoe, eu não tenho mais idade, não tenho direito de negar aquilo que, pessoalmente, num ambiente reservado, num contexto, falei numa sede do gabinete do reitor", afirmou.

Ele justificou afirmando que era uma posição "pessoal" e que não a manifestou como ministro de Estado. De acordo com o ministro, os "400 ou 300" são os que apostam no "quanto pior, melhor", mas ele pediu "perdão aos que não agem desse jeito".

"Isso não quer dizer que concorde com a postura de alguns, de vários, de muitos, que mesmo estando no governo têm uma postura de oportunismo", declarou.

Vários deputados protestaram e reagiram com irritação ao discurso do ministro, tentando interrompê-lo aos gritos.

Em seguida, o ministro afirmou que os partidos que compõem a base de apoio à presidente Dilma Rousseff deveriam adotar postura condizente.

“Eu não quero aqui me referir ao nobre deputado Mendonça Filho [líder do DEM], partidos de oposição, que têm o dever de fazer oposição. Partidos de situação têm o dever de ser situação ou então larguem o osso, saiam do governo, vão pra oposição. Isso será mais claro para o povo brasileiro”, disse.

Diante das manifestações em plenário, Cid Gomes subiu o tom e chegou a apontar o dedo ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), dizendo que prefere ser acusado pelo peemedebista de ser "mal educado", a ser acusado de "achacar" empresas, no esquema de corrupção da Petrobras.

“Eu fui acusado de ser mal educado. O ministro da Educação é mal educado. Eu prefiro ser acusado por ele [Eduardo Cunha] do que ser como ele, acusado de achaque”, afirmou Cid Gomes.
Internação hospitalar

O comparecimento do ministro da Educação à Câmara estava previsto para a semana passada, mas foi adiado porque ele teve que ser internado no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, com um quadro traqueobronquite.

Em seu discurso na tribuna, Cid Gomes questionou a comissão de deputados criada com o aval de Eduardo Cunha para verificar seu estado de saúde no hospital após o pedido para adiar a convocação. Os parlamentares foram ao hospital, mas não obtiveram autorização para visitar o ministro.

“Quem custeou as despesas desses deputados que foram lá? Ao que me consta, não houve aprovação pelo plenário”, afirmou, dirigindo-se a Cunha.

O presidente da Câmara rebateu dizendo que o envio da comissão não teve custo algum para a Casa. “Não teve ônus para a Casa, às despensas dos parlamentares, porque essa Casa se dá o respeito”, devolveu.

Reações dos deputados
A fala gerou protestos em plenário. O líder do PMDB, Leonardo Picciani (RJ), afirmou que o ministro “perdeu a condição de exercer o cargo”.

“Cobraremos ao governo que diga se permite e orienta os ministros a desrespeitar o Parlamento. Não reconheço a autoridade de vossa excelência para criticar o Parlamento”, declarou.

Para o deputado, Cid Gomes tem de renunciar. “Ou então a única alternativa que resta à presidente Dilma é lhe demitir sumariamente”, afirmou.

O líder do PSC, André Moura (SE), também pediu a saída do ministro do cargo e disse que o governador usou recursos públicos para viajar pela Europa. “O ministro perdeu a condição de ser ministro. E eu pergunto aqui ao plenário. Achacadores dos recursos públicos somos nós ou achacador é quem, como governador do Ceará, alugou jato particular para viajar por toda a Europa com recursos pagos pelo povo do Ceará? E ainda levou a sogra a tiracolo?”

Irritado, Moura elevou o tom e disse que o ministro era “desqualificado” e não tinha “dignidade” nem “moral” para continuar no cargo. Cid Gomes reagiu e disse que quem não tinha moral era o deputado. O bate-boca seguiu e Moura afirmou que o ministro “envergonha o estado do Ceará”.

O deputado Domingos Neto (PROS-CE) saiu em defesa de Cid Gomes e ironizou dizendo que a saída do ministro interessaria a alguns parlamentares de olho na vaga. “Será que é nisso que estão pensando quem defende a sua renúncia?”, questionou. Via: Blog da Dilma 

No Planalto ao pedir sua demissão
"Muita gente fala de corrupção e isso parece ser uma coisa intrínseca ao governo, mas o que a Dilma está fazendo é exatamente limpar o governo de corrupção que aconteceu no passado. Isso que ela está fazendo e por isso que a gente vive uma crise hoje", afirmou Cid a jornalistas no Palácio do Planalto depois de falar com a presidente.

"Quem demitiu esse Paulo Roberto (Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras), quem demitiu esse Renato Duque (ex-diretor de Serviços da Petrobras) foi ela, muito tempo atrás", disse Cid em referência aos dois ex-dirigentes da estatal que são alvo de investigações da operação Lava Jato, que apontou um esquema de corrupção que desviou bilhões de reais da Petrobras, e que comandavam a empresa no governo Lula.

"Ela, ao contrário, como é seria, está limpando e não permitindo isso. E é isso que fragiliza a sua relação com boa parte dos partidos", argumentou Cid.

Confira o vídeo na integra.


BRASÍLIA (Reuters) - A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta quinta-feira (19) que não fará uma reforma ministerial, mas apenas "alterações pontuais" no primeiro escalão, sem detalhar substituições, a não ser a escolha de uma pessoa "boa" para o Ministério da Educação, independentemente de partido político.

Dilma vem sendo aconselhada a buscar uma solução para a crise política com sua base aliada e uma das possibilidades para poderia ser uma reforma ministerial, antes mesmo de completar três meses do segundo mandato.

"Não tenho perspectiva de alterar nada, nem ninguém, mas as circunstâncias às vezes obrigam você a alterar, como foi o caso da Educação. Não tem reforma ministerial", disse Dilma a jornalistas nesta quinta-feira, após cerimônia no Palácio do Planalto.

Questionada se escolheria alguém do PT para o Ministério da Educação e Cultura (MEC), Dilma rejeitou o critério partidário para a nomeação, e disse que a indicação será feita o mais rápido possível.

"Eu vou escolher a pessoa boa para a Educação e não a pessoa desse ou daquele partido", disse a presidente.

"O MEC não é dado para ninguém. É um dos (ministérios) mais importantes para o país", acrescentou.

Dilma também evitou comentar um documento da Secretaria de Comunicação Social (Secom) que foi divulgado pelo jornal O Estado de S.Paulo e relata um "caos político" no governo, que teria ainda comunicação "falha e errática".

O documento é atribuído ao ministro da Secom, Thomas Traumann. Segundo a presidente, no entanto, o texto "não é oficial" e "não foi discutido dentro do governo".

Questionada sobre a substituição de Traumann, Dilma não comentou. (Por Jeferson Ribeiro/DCI)

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