CEO da Match, Raymond Whelan se entrega à Justiça do Rio

Executivo é acusado de integrar quadrilha de cambistas e estava foragido. 'Enfim, poderei iniciar minha defesa criminal', teria dito, segundo a defesa.

O CEO da Match Services, Raymond Whelan, se entregou à Justiça do Rio na tarde desta segunda-feira (14). Ele estava foragido desde quinta-feira passada (10), quando teve a prisão preventiva decretada por ser acusado de integrar uma máfia internacional de venda ilegal de ingressos da Copa do Mundo. Um dos advogados dele, Nilson Paiva, informou ao G1/RJ que vai recorrer ao Superior Tribunal de Justiça ainda nesta segunda.

De acordo com a assessoria de imprensa do advogado Fernando Fernandes, que representa o executivo, Whelan se apresentou à desembargadora Rosita Maria de Oliveira Netto, da 6ª Câmara Criminal da capital, relatora do processo contra os 12 denunciados pelo Ministério Público do Rio (MP-RJ). Ele ficou na carceragem do Tribunal de Justiça do Rio à espera da polícia, que o levou à Polinter, na Cidade da Polícia, no Subúrbio.

Em um Voyage preto, ele chegou por volta das 16h20 ao local. Às 18h, ele deixou a sede da Polícia Civil em uma van rumo ao Instituto Médico Legal (IML) para fazer exames obrigatórios antes da entrada no sistema penitenciário. De lá, deve seguir para o Complexo de Gericinó, em Bangu, Zona Oeste, onde estão os outros 10 presos da operação Jules Rimet, que desarticulou a máfia milionária de venda de ingressos.

Segundo nota enviada pela defesa do executivo, ao se entregar, Raymond Whelan teria dito ao advogado Fernando Fernandes: “Enfim, poderei iniciar minha defesa criminal”.

Fuga de Whelan
Na quinta-feira, a Justiça do Rio aceitou a denúncia contra os 12 acusados pelo MP-RJ e decretou a prisão preventiva de 11 deles. Apenas o advogado José Massih não teve a prisão decretada por ter colaborado com as investigações. Ele deixou a prisão na sexta-feira (11), quando terminou o prazo da prisão temporária, e responderá ao processo em liberdade. Todos vão responder pelos crimes de cambismo, organização criminosa, desvio de ingresso e corrupção ativa.

Dos 11 que tiveram a prisão preventiva decretada, apenas Raymond Whelan estava solto. Na quinta-feira, assim que foram expedidos os mandados de prisão, a polícia seguiu para o Hotel Copacabana Palace, na Zona Sul, onde o executivo estava hospedado junto com a delegação da Fifa, que cedeu à Match os direitos sobre a venda dos ingressos da Copa. No entanto, Whelan fugiu antes da chegada dos agentes. Câmeras de segurança do hotel mostraram o executivo deixando o local, ao lado do advogado Fernando Fernandes, pela porta utilizada pelos funcionários.

Segundo a Polícia Civil, Whelan fornecia à quadrilha ingressos da Copa, que eram revendidos ilegamente acima do preço real. Ainda segundo a polícia, a quadrilha era liderada pelo franco-argelino Mohamed Lamine Fofana. Ele e outros nove acusados estão presos no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, na Zona Oeste.

O esquema
No dia 1º de julho, policiais da 18ª Delegacia de Polícia, da Praça da Bandeira, prenderam 11 pessoas na operação "Jules Rimet". Na segunda-feira (7), Raymond Whelan chegou a ser preso também, mas foi solto na madrugada de terça-feira (8) depois de obter um habeas corpus na Justiça do Rio.

Com a listagem de celulares da Fifa em mãos, um dos agentes policiais digitou no aparelho celular apreendido do argelino Lamíne Fofana o prefixo 96201, que precede os telefones da entidade. Apareceu, então, o nome "Ray Brazil", para o qual havia 900 registros entre telefonemas e mensagens. Ao todo, a operação está lendo e escutando 50 mil registros telefônicos, dos quais mais de 50% já foram apurados.

Segundo as investigações, três empresas de turismo localizadas em Copacabana, interditadas pela polícia, faziam contato com agências de turismo que traziam turistas ao país e vendiam ingressos acima do preço.

Eram ingressos VIPs, fornecidos como cortesia a patrocinadores, a Organizações Não Governamentais (ONGs) e também destinados à comissão técnica da Seleção Brasileira – desde bilhetes de camarotes até entradas de assentos superiores. Uma entrada para a final da Copa no Maracanã chegava a custar R$ 35 mil e a quadrilha faturava mais de R$ 1 milhão por jogo.

Segundo a polícia, Fofana também conseguia entradas vendidas pelos agentes oficiais da categoria "hospitalidade", pacotes de luxo, controlados pela Match Hospitality. Até carro forte foi usado para abastecer a quadrilha que vendia entradas para todos os jogos da abertura à final do torneio.

Segundo o delegado Fábio Barucke, responsável pelo caso, os presos já atuaram em pelo menos quatro mundiais e estimativas apontam que a quadrilha poderia movimentar cerca de R$ 200 milhões por Copa do Mundo.

Os presos
Além de Fofana e Whelan, estão presos o policial militar reformado Oséas do Nascimento; Alexandre Marino Vieira; Antônio Henrique de Paula Jorge, um dos contatos de Fofana no Brasil (antes de ser preso, Henrique tentou retirar de um banco R$ 177 mil em dinheiro vivo); Marcelo Pavão da Costa Carvalho; Sérgio Antônio de Lima, que teria tentado subornar um dos agentes; Ernane Alves da Rocha Júnior; Júlio Soares da Costa Filho; Fernanda Carrione Paulucci e Alexandre da Silva Borges. O advogado José Massih responderá ao processo em liberdade por ter colaborado com as investigações. G1/RJ

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