Editorial: Muitos erros e alguns acertos da segurança




Em 27 de julho do ano passado, a coluna publicou entrevista com o deputado estadual do Rio de Janeiro, Marcelo Freixo (Psol). Ele comandou a CPI que investigou as milícias cariocas e inspirou o personagem Fraga do filma Tropa de elite 2. Na conversa, Freixo apontou três pilares presentes em todos os lugares do mundo onde políticas de qualificação da Polícia deram certo. O primeiro: aproximação com as pessoas que devem ser protegidas, criando identidade e não medo. O segundo: valorização, formação e remuneração adequada aos policiais. O terceiro, controle sobre a Polícia, com corregedorias independentes e estruturadas. No Ceará, tudo isso está, de certa forma,
no horizonte. Mas sempre de forma parcial, em muitas ocasiões de modo capenga e outras, equivocado. Na quinta-feira, O POVO noticiou a criação da nova delegacia especializada, voltada à investigação de crimes cometidos por policiais, com estrutura de inteligência própria.
Eles são vinculados à Controladoria Geral da Segurança, criada por Cid Gomes em seu segundo mandato. Com status de secretaria e sem subordinação à pasta da Segurança, essa estrutura é esperança de avanço considerável no terceiro ponto. Com Polícia corrupta, nenhuma política de segurança dará resultado. E a corrupção campeia.

Quanto ao segundo ponto, o Ronda do Quarteirão era esperança de integração com as comunidades. O conceito se perdeu e a aproximação não se concretizou. Hoje, é uma polícia como outra qualquer, com o diferencial de circular pela cidade. Ela não está presente, apenas aparece de passagem. A proximidade é física, mas não concreta. O máximo de contato com a população se dá nos estabelecimentos que lhes dão merenda. Já quanto ao primeiro item, há também esperança de avanço na qualificação, com a nova academia. Só estrutura não é tudo, mas tem papel crucial. E, depois da greve do início do ano, há expectativa de que a remuneração pode passar a patamares minimamente mais adequados. Contudo, houve movimentações um tanto equivocadas. O governo recentemente deu aumento gordo aos delegados e às unidades especiais. Na greve, até o Raio e o Choque aderiram, o que não ocorreu nas paralisações anteriores. A luz de alerta claramente se acendeu.

Mas não é esse o ponto. É importante ter “tropas de elite” em boas condições, mas a essência da segurança pública está na ponta, no policial comum. Na remuneração, na formação, na fiscalização e na integração com o povo a quem deve proteger.

OUTRO PRÉ-REQUISITO
Freixo não citou, mas estatísticas reais e sem maquiagem também são imprescindíveis na segurança. Sem o que, resta a pirotecnia.
COITADOS DOS PEDESTRES
Se a qualidade das calçadas em Fortaleza é destaque, as condições para pedestres Brasil afora estão mesmo a mais completa calamidade. Justiça se faça, onde o Transfor já passou, na Capital cearense, as condições melhoraram muito – embora mesmo ali ainda haja trechos péssimos. Mas há mesmo calçadas muito boas, sobretudo na Bezerra de Menezes. A média, todavia, é lastimável.
A “JUSTIÇA” PARA TEODORICO NA REDE DE IMPUNIDADE 
Ainda sobre a volta, ou tentativa dela, de Teodorico Menezes ao Tribunal de Contas do Estado (TCE), escreveu o leitor Raphael Marques. Para ele, o retorno do conselheiro, de certa forma, faz “justiça”. Explica: o governo não puniu os responsáveis pelos convênios, a Assembleia não puniu o deputado Téo Menezes (PSDB). O TCE não podia ficar por baixo. Por isso, o ex-presidente voltou.

Pode não ser bem assim, como a coluna mostrou ontem. O mínimo que se espera, para tentar recuperar a reputação, é que o TCE afaste o conselheiro. O Estado até exonerou alguns funcionários de escalões inferiores, mas punir, de verdade, nada. Já a Assembleia cruzou mesmo os braços.

SÉRGIO NOVAIS E O PAPEL DO PSB NA PREFEITURA
A coluna de quinta-feira tratou da reunião entre dirigentes de PT e PSB. O texto informava que houve reclamações acerca do papel quase irrelevante desempenhado pelos socialistas na administração municipal, a despeito de ser o principal aliado. E falava das sequelas deixadas pelo racha interno com o presidente municipal destituído, Sérgio Novais, que detinha quase a exclusividade da interlocução com a Prefeitura e hegemonia nas nomeações. A esse respeito, Novais escreveu à coluna. Considerou frágeis os argumentos, aqui reproduzidos, atribuídos por ele ao “grupo do ex-vereador Rogério Pinheiro” – tesoureiro da legenda. O ex-presidente afirmou que, se há falta de diálogo com a administração, ela é decorrente das atitudes e decisões políticas equivocadas que o grupo tomou. “Para se ter credibilidade e ser interlocutor à altura dos desafios, é necessário firmeza e coerência”, afirmou. Embora nem tenha sido citado na coluna, Rogério Pinheiro foi o foco principal das críticas. Segundo Novais, ele não foi candidato a vice de Luizianne Lins (PT) em 2004 porque não quis, perdeu a eleição para vereador e, ainda de acordo com Novais, apoiou Inácio Arruda (PCdoB) a prefeito, contra a posição oficial do PSB. “Em uma eleição, ele foi derrotado três vezes”, ironizou Novais, segundo quem a desconfiança dos petistas decorre das posições, segundo ele, mutáveis.

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