Dialogar com as Comissões de Direitos Humanos da Câmara Municipal de Fortaleza e da Assembleia Legislativa do Ceará para estabelecer um protocolo de segurança para jornalistas e demais profissionais da mídia. Esse foi o principal encaminhamento do Ato em Defesa da Liberdade de Imprensa, dos profissionais da Comunicação e da Democracia, realizado ontem (7/04), no auditório da Associação Cearense de Imprensa.
A atividade conjunta da ACI, do Sindicato dos Jornalistas do Ceará (Sindjorce) e do Sindicato dos Radialistas e Publicitários (Sindradioce) reuniu associados das três entidades, marcando o Dia do Jornalista, comemorado em 7 de abril. Contou, ainda, com a participação de Gilson Moreira, representando a Associação Cearense das Emissoras de Rádio e Televisão (Acert), da jornalista Aline Pedrosa, representando o mandato da vereadora Larissa Gaspar (PT), e do deputado estadual Renato Roseno (PSOL).
O presidente do Sindjorce, Rafael Mesquita, destacou a importância de garantir a unidade e a atuação conjunta das organizações que representam e defendem os profissionais da Comunicação e o Jornalismo. “A pandemia tem mostrado o quanto o Jornalismo é imprescindível. Precisamos garantir que os trabalhadores tenham direito a um trabalho decente, com carga horária respeitada e segurança”, frisou.
O presidente da ACI, Salomão de Castro, destacou que o momento tem de servir para as entidades darem um passo além e se anteciparem na construção de propostas a serem levadas aos poderes públicos. “Se não dermos um passo firme nesse sentido, haverá um massacre físico e psicológico das pessoas”, acrescentou.
Tony Pereira, presidente do Sindradioce, comentou que a violência contra os trabalhadores da mídia aumentou nos três últimos anos. Reforçou a iniciativa conjunta das entidades: “esse ato é um ponto inicial que deve culminar com a vitória que é a permanência da democracia e da informação verdadeira”.
A segunda vice-presidenta da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), Samira de Castro, apresentou dados gerais do Relatório da Violência contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa 2021, destacando o Nordeste (25 casos) e o Ceará (dois casos). “Os jornalistas, o Jornalismo e a democracia estão em perigo no Brasil, após a ascensão da extrema-direita fascista ao Palácio do Planalto”, comentou. Afirmou ser necessária a participação de todas as entidades representativas da categoria e também das empresas jornalísticas na construção de um ambiente de trabalho seguro.A jornalista Marina Valente, cujo caso de violência sofrida no exercício profissional consta no Relatório de 2021, compartilhou como essa experiência de cerceamento da palavra a afetou. “è um processo muito sério o que a gente passa, inclusive depois que compreende a violência que sofreu”, disse
Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, o deputado Renato Roseno ressaltou o “terremoto tecnológico” que alterou o fazer jornalístico, ampliando a precarização do trabalho dos profissionais da mídia com a chamada convergência – o que classifica como uma forma de violência. Falou, ainda, sobre a ausência de um marco regulatório sobre a atuação das grandes plataformas no país, tanto do ponto de vista econômico quanto da responsabilidade desses conglomerados internacionais no combate à desinformação e aos discursos de ódio. Por fim, destacou que a violência contra os profissionais da Comunicação é talvez um dos maiores atentados à democracia.Os representantes das entidades presentes acordaram a realização de uma reunião conjunta das comissões de DH da Câmara Municipal de Fortaleza e da Assembleia Legislativa do Estado, para que os atores sociais possam dar início a um diálogo, a fim de buscar garantir a segurança dos jornalistas, radialistas, comunicadores populares e demais trabalhadores da mídia.