Dilma pode invocar cláusula democrática do Mercosul contra o impeachment

Dilma: “Para além do meu mandato, tem uma luta que não parará no Brasil, a menos que os golpistas recuem e sejam derrotados imediatamente. Se isso não ocorrer, eu te asseguro que esta luta continuará”. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

A presidenta Dilma Rousseff concedeu, nessa sexta-feira (22), uma entrevista a jornalistas estrangeiros após participar da cerimônia de assinatura do Acordo Paris, na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York. Na conversa, que durou mais de uma hora, Dilma abriu a possibilidade de invocar a cláusula democrática do Mercosul em razão do processo de impeachment ilegítimo em curso contra ela no Congresso Federal.

“Eu alegarei a cláusula, inexoravelmente, se caracterizar-se, de fato, a partir de agora, uma ruptura do que eu considero processo democrático. Agora, quando isso ocorrerá, depende de fatos que eu não controlo todos”, disse a presidenta. A invocação dessa cláusula pode levar à suspensão do País do bloco comercial, assim como aconteceu com o Paraguai, em 2012.

Dilma disse que vai lutar até o fim pelo seu mandato, legitimado pelo voto popular. “Há um obstáculo no Brasil. Não há a harmonia e independência de poder, esse é o problema da institucionalidade democrática que está sendo rompida. […] Para além do meu mandato, tem uma luta que não parará no Brasil, a menos que os golpistas recuem e sejam derrotados imediatamente. Se isso não ocorrer, eu te asseguro que esta luta continuará”, disse a presidenta.

Segundo ela, é “constrangedor” afastar uma pessoa inocente do poder e há uma adesão cada vez maior da população, que, segundo a presidenta, está cada vez mais consciente do processo de golpe no País. “Eu sou de fato vítima de um processo e, cada vez mais, acho que as pessoas se conscientizam disso. Eu acho que sou muito incômoda, e não tem nada mais incômoda do que uma inocente”, completou.

A presidenta disse ainda que, apesar de avanços recentes na economia, o Brasil ainda não tem a estabilidade política necessária para a estabilidade fiscal. “Nós tomamos várias medidas, as possíveis, e não conseguimos fazer o necessário ajuste porque fomos impedidos pela Câmara dos Deputados. Não o Senado, que não teve a mesma conduta. Estou falando da Câmara Federal”.

Sobre os Jogos Olímpicos Rio2016, Dilma reafirmou o compromisso com o evento e refutou qualquer possibilidade de boicote do governo aos Jogos.

“O meu governo, eu pessoalmente, ou qualquer integrante do meu governo jamais proporá o boicote das Olimpíadas, jamais. Nós temos sentido de país, compromisso com o Brasil, e nós construímos essas Olimpíadas. Nós demos à essas Olimpíadas os recursos orçamentários e o financiamento necessário para que ela ocorresse. Nós estamos comprometidos com ela em qualquer circunstância e asseguro a vocês que serão os melhores Jogos Olímpicos da história”. 

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