AVC PRECOCE. Aumentam acidentes vasculares cerebrais antes dos 55 anos

Tabagismo, obesidade, sedentarismo, colesterol, diabetes, toxicomania, estresse da vida moderna são alguns dos fatores que explicam esse crescimento preocupante que afeta tanto os homens quanto as mulheres.

Por Damien Mascret – Le Figaro - Via 247
Graças à iniciativa pioneira do Prof. Maurice Giroud, chefe do setor de neurologia no Hospital Universitário de Dijon, a França tem o registro mais antigo dos AVC (acidentes vasculares cerebrais) do mundo. «Todos os AVCs ocorridos na região de Dijon são registrados continuamente desde 1985, graças ao financiamento do Inserm e do Instituto de Vigilância Sanitária (INVS)», explica ao Le Figaro, o Prof. Yannick Béjot, neurologista no Hospital Universitário de Dijon e diretor científico do registro.

Essas coletas exaustivas e rigorosas de dados de saúde são ferramentas valiosas para todos os intervenientes do sistema de saúde na França. Pois uma coisa é ter uma impressão, outra coisa é confirmá-la. Assim como os cardiologistas para o infarto do miocárdio, os neurologistas há vários anos têm observado em seus consultórios a chegada de pacientes cada vez mais jovens que sofreram um AVC. Um fato que esses registros também confirmam é que a idade média de ocorrência de um AVC permanece em 74 anos e meio. Tal fato é provavelmente devido à elevação da idade média de vida da população nacional, que curiosamente ocorre quase na mesma proporção da baixa da média para a ocorrência de acidentes vasculares.

A última publicação dos registros de Dijon aconteceu há poucos dias através do Boletim epidemiológico semanal (BEH). Eles confirmam claramente o aumento dos AVCs antes dos 55 anos de idade. A incidência, tanto em homens como em mulheres, que estagnara em torno de 10 casos para 100 mil pessoas no final dos anos 80 e no final dos anos 90, já dobrou, alcançando 20 casos para 100 mil pessoas a partir do anos 2000.

Homens e mulheres igualmente afetados 

Os registros de Dijon também mostram que o aumento se refere a apenas um tipo de AVC, aquele que é causado pela obstrução de uma artéria (infarto cerebral). No entanto, a frequência dos AVC por sangramento (hemorragia cerebral) se manteve relativamente estável durante o mesmo período.

A causa deste aumento não é fácil de ser identificada, mas o Prof. Béjot faz várias suposições: «O percentual de fumantes ainda é elevado entre as pessoas com menos de 55 anos, a prevalência da obesidade, da hipercolesterolemia e do diabetes também está aumentando e, muitas vezes, há consumo de cannabis, ou outras drogas nessas vítimas mais jovens de AVC».

Essas hipóteses são coerentes com o fato de que homens e mulheres são igualmente afetados, observando-se também que este aumento  aparece apenas no caso de infartos, e não de hemorragias. «O principal fator de risco de AVC hemorrágico é a hipertensão arterial. No entanto, o tratamento deste último melhorou significativamente », observa o Prof. Béjot.

O tratamento do AVC também melhorou significativamente. A sobrevivência de três meses passou de 85 % para 96 % no registro de Dijon. No entanto, este número não deve esconder uma realidade mais sombria: entre 10 % e 20 % destes pacientes mantém incapacidade moderada, e 10 %, incapacidade grave ocasionando dependência. Sem falar da depressão e do cansaço que afetam a metade das vítimas de AVC.

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