Vasco - Dinamite retribui 'herança' e assina confissões de dívida na volta de Eurico

Empresários e advogado recebem documento para buscarem atrasados na Justiça. Inadimplência e derrota para Romário deixam débito próximo do que era em 2008

Por Raphael Zarko / Rio de Janeiro

O ex-presidente Dinamite se confraterniza em clima cordial com Eurico Miranda (Foto: Divulgação / Paulo Fernandes)


O presidente Roberto Dinamite passa o poder para Eurico Miranda no próximo dia 2 de dezembro. Antes da sucessão, o ex-jogador deixa para o presidente eleito, que retorna à presidência seis anos depois de se afastar de São Januário, novas confissões de dívidas para a administração do novo manda-chuva da Colina. Nos últimos dias à frente do clube, Dinamite assinou confissões de dívidas de empresários e ex-funcionários que prestaram serviço ao Vasco. A mesma prática foi contestada pela atual gestão em casos que ficaram famosos, como de Romário. Após batalha judicial, o jurídico do Vasco buscou acordo e voltou a pagar o ex-atacante. Com a volta de Eurico, ainda há um débito próximo de R$ 18 milhões com o Baixinho.

Nesta semana, o advogado do Vasco Marcello Macedo entrou na Justiça com cobrança de R$ 3,8 milhões. No balanço de 2012, o clube exibia dívida de R$ 2,4 milhões com o escritório de Macedo. A nova gestão deve contestar os honorários advocatícios cobrados pelo advogado da gestão Dinamite, com quem Eurico chegou a se desentender publicamente.

Além da dívida com jogadores dos times de 2011 e 2012 - casos de Carlos Alberto, que entrou pedindo R$ 9 milhões na Justiça, Fernando Prass, Alecsandro, Wendel, entre outros -, há casos que podem emperrar o funcionamento da nova gestão Eurico. Apesar de duas confissões de dívidas assinadas com Pedrinho Vicençote, empresário dono do centro de treinamento de Itaguaí, o clube estava há meses inadimplente no pagamento de R$ 60 mil mensais pelo aluguel dos campos da base. A estimativa é de que essa dívida esteja próxima a R$ 2 milhões. Em 2012, segundo balanço patrimonial, era de cerca de R$ 600 mil.

Em valores menores, comissões atrasadas de empresários de jogadores, pagamentos a prestadores de serviços e rescisões de profissionais que passaram pelo futebol também viraram documentos de confissões de dívidas e estão passando nos últimos dias pelo jurídico do clube nesse fim de gestão Dinamite. Apesar do clima de conciliação pregado pelo grupo de Eurico, há intenção de realizar análise rigorosa da documentação que não foi aprovada no balanço do clube. O ano de 2013 deve ir a julgamento somente no início da administração Eurico Miranda. Empresários que apoiaram Dinamite e estavam do lado de Julio Brant nessa eleição, como Olavo Monteiro de Carvalho e Jorge Salgado, também devem entrar na fila para receber.

Quando saiu do poder vascaíno em 2008, Eurico havia deixado duas altas dívidas para Dinamite que foram contestadas na Justiça. Uma delas, de José Luis Moreira, antigo aliado de Eurico e novo vice-presidente de futebol do Vasco, está sendo contestada até hoje no judiciário - com vantagem para os advogados da gestão Dinamite, que impediram penhoras em nome do empresário. Eurico apresentou confissão de dívida com Moreira, em 2008, de quase R$ 5 milhões. O Vasco reclamou na Justiça de ausência de comprovantes do empréstimo. 

O caso de Romário quase inviabilizou a gestão Dinamite, que classificava como "herança maldita" as séries de ações trabalhistas e cíveis que Eurico deixou de sua administração. O Baixinho chegou a ganhar na Justiça a penhora dos direitos de quatro jogadores, entre eles o zagueiro Dedé e o volante Fellipe Bastos, que não foi para o Internacional por esse motivo no ano passado. Em 2004, Eurico assinou a confissão de dívida e aprovou o débito no balanço patrimonial do clube. A quantia de R$ 23 milhões era referentes a empréstimos ao caixa do clube, premiação e direitos de imagem devidos ao craque. Na troca de Eurico por Dinamite, o clube interrompeu o pagamento quando ainda faltava quitar por volta de R$ 14 milhões do total.

A briga na Justiça durou até fevereiro do ano passado. Pelas correções, juros e multa, o Baixinho pedia quase R$ 60 milhões do Vasco na Justiça, que deu ganho de causa ao ex-jogador e obrigou o clube a buscar um acordo. Quando Eurico deixou o clube, o Vasco ainda devia cerca de R$ 15 milhões. No novo acordo, após anos rejeitando a dívida, o clube passou a pagar R$ 150 mil em 120 meses. O novo presidente reassume o Vasco devendo a Romário pouco menos - por volta de R$ 14 milhões - do que faltava quitar à época que deixou São Januário em 2008. GE

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