Até quando os EUA sustentarão a monarquia medieval da Arábia Saudita?

Relações de 60 anos são afinadas nos interesses, mas desajustadas quanto aos direitos humanos

Mulheres sauditas sofrem restrições medievais no paísAFP
É difícil de acreditar, mas ainda existe um lugar no mundo onde as mulheres são tão discriminadas que até hoje não podem dirigir um automóvel. Trata-se da Arábia Saudita, que recentemente chamou atenção devido à inédita mobilização de suas cidadãs na luta pelo direito de conduzir nas ruas do território. Tão espantoso quanto o tratamento medieval aplicado às sauditas é o fato de tal nação ser uma das principais aliadas de um grande defensor mundial dos valores de igualdade, liberdade e democracia: os EUA.

Até que ponto poderá resistir esta contraditória relação entre os sauditas e americanos?

Para a maioria das ocidentais, as sauditas são verdadeiras sobreviventes. Elas estão entre as mulheres mais oprimidas da atualidade. O país sustenta um Estado e uma cultura que controla cada ação de suas cidadãs, limitando suas vestimentas, trabalhos, educação, expressão e participação política e civil. Mas isso não parece impedir os EUA de sustentarem há mais de 60 anos uma relação extraordinária com a polêmica Arábia Saudita.



O Estado saudita possui características muito similares às de vários inimigos históricos do Tio Sam. Como o Afeganistão dos talebans, a influência da religião no poder público é determinante e, por isso, um obstáculo a certos progressos contemporâneos.

A Arábia Saudita é um reino em que o chefe de Estado e os conselhos governamentais recebem seus mandatos por sucessão hereditária, uma lógica praticada pela temida ditadura norte-coreana.

Além disso, no território árabe, diversos grupos terroristas se organizam e obtêm seus recursos, da mesma maneira que o Irã é acusado pelos americanos.

A Arábia Saudita é importante para os EUA por vários motivos: os americanos compram cerca de 100 milhões de barris de petróleo por dia do aliado; o reino possui uma longa e estável tradição de cordialidade com Washington; os sauditas estão localizados em um ponto determinante do conturbado Oriente Médio e os laços militares desenvolvidos entre esses dois parceiros é visceral. 

Assim, os sauditas consolidaram uma relação com os EUA simultaneamente de dependência e hipocrisia. Enquanto desfrutam de benefícios econômicos, diplomáticos e bélicos, as duas nações encontram-se totalmente em lados opostos quando o assunto é direitos humanos, democracia, liberdade e transformações sociais.

Mas essa proximidade, aos poucos, está se azedando.



A tecnologia contemporânea propaga como nunca os escândalos sauditas aos lares da opinião pública americana, nos quais se fortalecem as críticas contra o desrespeito aos direitos humanos.

Um dos maiores inimigos dos sauditas, os iranianos, ensaiam uma aproximação com a América: Washington aprova a conciliação, já Riad...

Além disso, o príncipe saudita Bandar bin Sultan, chefe da inteligência nacional, chamou os americanos de fracos por não apoiar a revolta contra o presidente sírio Bashar Al Assad, inimigo de Riad. 

A aliança entre estes dois rivais ideológicos continua dependente dos interesses estratégicos e práticos. Washington vai esperar o petróleo saudita acabar para tomar uma atitude? 


Por: R7

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