O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, rebateu a crítica do
colega Celso de Mello, que acusou a mídia de tentar "subjugar" um
juiz; a fala do decano era dirigida especialmente à revista Veja, que ameaçou
crucificá-lo caso votasse de maneira distinta de sua linha editorial, e ao
Globo, do colunista Merval Pereira; “Muitos dos ministros ficaram sob um ataque
fortíssimo de blogs e de órgãos de mídia que são fortemente
vinculados a determinados réus. E nem por isso ninguém tem reclamado”, disse
Gilmar.
247 - A crítica
do decano do Supremo Tribunal Federal, Celso de Mello, a órgãos de mídia que
tentaram "subjugar" um juiz, abriu um novo debate no Supremo Tribunal
Federal. Desta vez, relacionado à postura de determinados veículos de
comunicação. A mensagem do decano tinha endereço certo: a revista Veja, que,
dias antes de sua decisão sobre os embargos infringentes, ameaçou crucificá-lo
caso o decano votasse de forma contrária aos interesses da Editora Abril (leia
mais aqui).
Ontem mesmo, em
defesa de Veja, o ministro Gilmar Mendes apresentou uma versão oposta. Segundo
ele, quem tentou pressionar os ministros foram blogs ligados a determinados réus.
“Muitos dos ministros ficaram sob um ataque fortíssimo de blogs e de
órgãos de mídia que são fortemente vinculados a determinados réus. E nem por
isso ninguém tem reclamado”, disse ele, sem citar os órgãos de comunicação que
teriam ligações com réus – e nem que ligações seriam essas.
Na semana anterior
ao voto desempate do decano, Gilmar foi muito criticado porque teria
participado de uma suposta chicana, alongando em excesso seu voto, assim como
fez seu colega Marco Aurélio Mello. Contaram também com a ajuda do presidente
da corte, Joaquim Barbosa, e, com isso, empurraram em uma semana o voto do
decano. Assim, houve tempo para que Celso de Mello fosse submetido à pressão
midiática – como, de fato, ocorreu, com a capa de Veja que o ameaçava
explicitamente.
Apostava-se que o
decano seria suscetível à pressão e mudaria seu voto. No entanto, ao iniciá-lo
ele afirmou que o adiamento, em vez de pressioná-lo, serviu apenas para
"aprofundar" suas convicções já existentes.
Para quem acompanhou
o julgamento, parece óbvio que os órgãos de comunicação mais engajados foram a
revista Veja e o jornal O Globo, do colunista Merval Pereira, que tentou, em
vários momentos, direcionar os votos de alguns ministros. Ao levantar esse
debate, Gilmar teve, ao menos um mérito: exaltou a força da própria internet,
no debate de ideias, equiparando-a a veículos da chamada "grande
imprensa", que se torna cada vez menor, não apenas em audiência, mas
também em influência.