Luiz Edgard Cartaxo de Arruda Junior - Um formador de opinião dentro do contexto...


         De Secretário da Imaginação a Comissão Fortaleza Bela
Luiz Edgard Cartaxo de Arruda Junior memorialista cartaxoarrudajr@gmail.com
      
Dizem que algumas secretárias da administração passada, na prefeitura de Fortaleza, deletaram arquivos dos computadores gerados pela gestão da Luizianne Lins. Na minha cabeça, é inadmissível tal gesto, prática política medieval aplicada por quem propaga passar-se de extremista radical, revolucionário, etc e tal... Sou contra apagar informações. É estupidez imperdoável, estreitíssimo por parte de quem se diz vanguarda na luta por liberdade e progresso. Afinal, toda e qualquer gestão é para o povo de Fortaleza; não é para servir a tendência politica de partido politico, seja lá a que pretexto for: são todas ignóbeis, os que apagam pretensões e projetos para melhorar a cidade. Não sou dessa turma.


Sendo assim, provavelmente nada da Comissão Fortaleza Bela será vista pela gestão da administração do PSB que se inicia; e, se encontrar algum documento e tiver ideias minhas, seguramente, estão com outro nome. O que me deixa ruim é o não fazer. Algumas ideias são velhas, só foram aperfeiçoadas. Na verdade coisas da minha cabeça desde o tempo que era Secretário de Imaginação da Fortaleza da Gente, na Administração Popular de Maria Luiza Fontenele, primeiro governo petista numa capital brasileira. Pensei nesse resgate bem antes de fato sonhar, quando ouvi:“Evocação do Recife” na voz do próprio Manuel Bandeira:
“...Rua da União...
Como eram lindos os nomes das ruas da minha infância
Rua do Sol
(Tenho medo que hoje se chame de dr. Fulano de Tal)
Atrás de casa ficava a Rua da Saudade...
...onde se ia fumar escondido
Do lado de lá era o cais da Rua da Aurora...
...onde se ia pescar escondido
Capiberibe
...   ... ...”
Em Fortaleza, a Rua do Sol é hoje a Costa Barros. A Rua das Flores vai da Catedral ao Cemitério, é a Castro e Silva.  Havia também as ruas: Formosa, das Trincheiras, do Fogo, da Alegria... Falei sobre isso com a prefeita Maria Luiza Fontenele, daí ela me designar  Secretário da Imaginação . Considero-me Secretário de Imaginação de Fortaleza, ainda hoje.  ”Bela é uma cidade Velha...” Cantam Graco e Caio... O Sarney fez isso no Centro Histórico de São Luiz: colocaram escritos em letras continentais à mão os velhos nomes das ruas em azulejos portugueses, pintados de azul. O Campelo, está fazendo em Sobral, a mesma coisa, com melhor requinte, mais cores, formas, espaço...

E eu ainda aprimoro mais a facilidade da felicidade do resgate histórico em Fortaleza. Não precisa destruir, alterar ou mudar o Código de Endereçamento Postal, sequer o Catálogo Telefônico e (ou) mapas turísticos, referências físicas geográficas urbanas. Não precisa: extinguir, acabar, mudar, remover nada, coisíssima nenhuma. Querem sempre destruir para criar um novo no lugar já existente do velho. A palavra é: acrescentar. É acrescentar, azulejos com o nome antigo da rua escrito a mão, ao lado ou abaixo da nomenclatura atual na parede; acrescentar estes azulejos em casas antigas do centro, não exclusivamente nas esquinas;com os seus respectivos antigos nomes das ruas “sem história, nem literatura”; estimulando, o decreto lei que reduz o IPTU nos prédios do centro restaurados, colaborando com os proprietários  ao instigá-los  a remover os tapumes esdrúxulos que encobrem a art-nouveau, o Rococó, e a Belle Époque das fachadas antigas das ruas de Fortaleza.  Rua da Bica, rua do Açude , Beco da Apertada Hora, Travessa Bela, das Areias, do Céu, da Lua, da Solidão, da Sombra, do Sonho ... São lindos os nomes antigos da cidade de Fortaleza “Tenho medo que hoje se chame Dr. Fulano de tal ” Assim a Avenida Perimetral ganha nas esquinas coluna e placa com o seguinte dizer Avenida Presidente Costa e Silva, devem ser apagadas e postas seu nome real Avenida Perimetral, assim como a  Avenida Presidente Castelo Branco no lugar de Avenida Leste Oeste. Da vontade de vomitar. Isso é um pesadelo vivo.  Além de tudo são nomes azimutes: Leste Oeste; foi até nome de linha de ônibus; e o pior é que aquela via tinha outro nome era Franco Rabelo,justamente o cara que destronou a sanguinária oligarquia Acioly!!! Seria bom se Fortaleza ficasse livre do nome destes ditadores. Na Europa não tem uma só ruela, praça, avenida ou monumento com o nome de Mussolini, Franco, Salazar ou Hitler. Não pode é na Fortaleza Bela um Centro Social ser promovido a Centro de Cidadania e manter o mesmo nome: Presidente Medici! É uma afronta ao general ditador e ao mesmo tempo a própria consciência de cidadania.  E até agride o código do consumidor: estão nos passando ditadores militares por presidentes da republica. A presidenta Dilma vai ficar feliz com isso, prefeito Roberto Claudio, se você tiver coragem para tal... Resgatado os queridos azuis infinitos olhos, da Maria do Rosário, que perdem muito do verde da esperança ao ver a afronta dessas placas reluzentes reverenciando ditadores na Fortaleza Bela. É um contrassenso histórico. Essas atitudes estão pra lá de estapafúrdias, não se pode fazer isso aqui. Não na Terra Revolucionária da Luz, Confederada do Eldorado do Equador. De uma revolução em 1817 que nos libertava do Império Português, um século antes da revolução russa de 1917...

E mais, quando há agora no Brasil um movimento para transformar a Rodovia Castelo Branco em rodovia Jango Goulart. O nome dos ditadores não é reverenciado no resto do país. Aqui não dá pé continuar. O torturador Laudelino Coelho aqui é nome de rua.

Sou contra.  O acalanto é que aos poucos se consolida a volta do Parque da Liberdade da Lagoa do Garrote, na ainda Cidade da Criança. Escrevi sobre essas coisas em jornais e revistas, blogs... falei com prefeitos, fiz ver a gestores e notáveis da cidade desde a minha querida Maria Luiza Fontenele, passando por Américo Barreira, Barros Pinho, Cláudio Pereira, Márcio Catunda, Tasso Jereissati  Paulo e Edgar Linhares, Augusto Pontes,  Lustosa da Costa, Lúcio Alcântara, Raimundo e Oswald Barroso, Carlos Emílio, Ciro Gomes, Nirez, minha família, Pedro Álvares, João Otávio Lobo, Hélio Rola, Prof. Pinheiro, Christiano Câmara, Luciano Maia, Guaraci Rodrigues, Francis Valle, Simone Sousa, Audifax Rios, Falcão, Mônica Barroso, Sérgio Pinheiro, Paulo Diógenes, Valton,  Beatriz Furtado, Bc Neto, Ricardo Guilherme, Auto Filho, Tião Ponte, Luizianne Lins...

Como se deve prosseguir em resgatar do Círculo Operário o Cristo Redentor no que hoje chamam: Praça do Seminário da Prainha? História que se mantém mutilada faz tempo: Quase todos os dedos do Cristo na estátua no alto do obelisco da coluna erguida pelo Círculo Operário, estão quebrados. A cruz está rachada há dezenas de anos sem reparo. A Fortaleza pode ser Bela aos olhos de Deus, mas não aos dedos daquele Cristo Redentor; manter-se assim faz mal até ao processo do resgate da pacificação e preservação da consciência civilizatória à visão dos dedos, mutilados, decepados de Cristo, não é de bom tom. Assim como não é bonita a face de São José do outro lado, parece que foi desfigurada a bala; não por causa de São Jose, é claro. Mas por causa do que está escrito abaixo dele: “Círculo Operário”- demência da ditadura!  Aqui, até agora eles só têm admitido o Círculo Militar. Tem um Parque Florestal em Fortaleza com o nome de Ernesto Geisel, xará do Che. 
O cara que traçou a transamazônica. Não sei se isso é pior que Médici dando nome a Cidadania? O que é muito lamentável! Pra dizer o mínimo.

Talvez das mutilações dos bibelôs de Fortaleza o mais antigo seja a criança sobre um peixe que toca um instrumento de sopro, inexistente esta estátua está mutilada é no braço, e ninguém sabe se ela toca uma flauta ou uma corneta. Mas está quase rente ao chão, deveria subir a altura dela, uns cinco palmos, (é muito importante isso ,é bom perguntar ao Fausto, Delberg, Liberal, Duarte, Olga...); situa-se quase defronte da escadaria que leva ao mausoléu do nosso cearense heroico General Tibúrcio. Que vi quando pequeno numa solenidade que também deve ser resgatada. Na Praça da Igreja do Rosário dos Pretos, do lado do Palácio da Luz. Que é história do intimismo da cidade de Fortaleza, a estátua abatida por um tiro de canhão, caiu de pé!!! Numa guerra civil urbana. A poucos passos do banco da Raquel de Queiroz. A pequena estátua da criança sobre o peixe é linda, mimosa, sublime, majestosa, joia da cultura arquitetônica da nossa cidade mutilada, a peça deve ser restaurada o braço amputado da criança com suas bochechas infladas, os cabelos cacheados e os olhos ternos de anjo...é até hoje imagem de terror na parede da memória aquele braço decepado, está numa altura que só as crianças percebem a dimensão do crime. Temo levar minhas netas lá, não quero que sofram a amargura que vivi quando criança diante daquela estátua na Praça dos Leões. Ou seja mais velho, belo e significativo dos bibelôs o cupido nu da ilha do Amor, na lagoa do Garrote do Parque da Liberdade da Cidade da Criança com dedos faltando,  flechas partidas e o arco quebrado e sem corda. Como está, é um monumento ao desamor.

Como é que não se tem água escorrendo na cuia da Iracema na Lagoa de Messejana? – É o mínimo que Fortaleza exige ter, para alavancar essa esquina do mundo. É tão pouco, é tão fácil, é tão grande o gesto, é tão forte... O escultor Sérgio Marques faz esses reparos num instante. Repetindo o cupido, o Cristo Redentor, o bibelô da Praça dos Leões, que podia ser praça das panteras como alerta o Nirez. Não é verdade que roubaram os ovos de bronze dos leões da praça, é sim o anedotário pernóstico da cidade que diz isso. Piada de mau gosto, o que roubaram lá foram três jarros de ferro fundidos na belle époque francesa, isso sim. Fortaleza tem poucos ícones e os mais significativos estão esquecidos O Índio nu de tanga rompendo grilhões na entrada do Parque da Liberdade, é algo a ser resgatado. É um cartão postal esquecido da cidade. É genial buscar resgatá-los. Comemora o primeiro centenário da independência.

Mas fazer a Fortaleza Bela é também destruir. Por exemplo o muro do Mercado Central, na Rua Rufino de Alencar, defronte a  rua São José, o muro em frente da esquina do Palácio do Bispo, Palácio João Brígido atrás da catedral. Sede do gabinete da prefeitura. O muro impede a visão de um dos mais belos cartões postais de Fortaleza. O sinuoso revolver do leito do subterrâneo Riacho Pajeu na sua foz de margens de pedra, resgate esse visual de Fortaleza! O Pajeu precisa ser anistiado, o riacho é berço da cidade, é subterrâneo e aonde resolve aflorar, é empedrado e emparedado!!!

Tem que manter o resgate das lagoas. Incorporar a elas trapiches, pedalinhos, barcos , velas, etc.

Um desafio: ali, acolá, aqui, foi, não foi, cai uma árvore centenária na cidade. O seu tronco deve ser cortado em toras e compor bancos e mesas ao redor das lagoas... Só pode existir uma máfia que leva esses troncos centenários ao forno. Assim como essas ideias.

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