BRASÍLIA (Agência Câmara) - A pressão da oposição não
foi suficiente para garantir a convocação de investigados pela Operação Porto
Seguro, da Polícia Federal, para prestar esclarecimentos em audiência na
Câmara, na próxima terça-feira (4). A Comissão de Fiscalização Financeira e
Controle aprovou nesta quarta-feira (28) convite apenas ao ministro da Justiça,
José Eduardo Cardozo, para falar na audiência.
O convite foi aprovado com base nos requerimentos dos deputados
Mendonça Filho (DEM-PE) e Edson Santos (PT-RJ). A audiência será realizada em
conjunto com a Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado.
Edson Santos afirmou que o ministro Cardozo é a pessoa mais
qualificada para explicar o andamento da operação.
Para o deputado Rubens Bueno (PPS-PR), no entanto, a vinda do
ministro será insuficiente se não for acompanhada pelos esclarecimentos dos
demais indiciados da operação. Entre eles, a ex-chefe de gabinete da
Presidência da República em São Paulo Rosemary Nóvoa de Noronha, suposta
integrante de organização criminosa que se infiltrou em órgãos federais para
fraudar pareceres técnicos.
Ex-presidente Lula
O líder do PPS disse que também são necessárias explicações do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a respeito de sua relação profissional
com Rosemary. "É hora de ele falar a respeito de alguém da sua intimidade,
da sua relação, porque quem chefia um gabinete de trabalho tem toda a
intimidade no dia a dia, não só profissional, mas também de relações de
família. É importante que ele venha esclarecer as graves denúncias que pesam
sobre a secretária que trabalhou com ele desde 2003, quando começou o primeiro
mandato do presidente Lula", disse Bueno.
Já o deputado Edson Santos criticou eventuais interesses
político-partidários relacionados à proposta de convocação do ex-presidente
Lula. "O que há é um interesse da oposição que, sem ter mais nada a fazer
do ponto de vista de questionamento ao governo, é de politizar essa questão. A
oposição busca fazer disso uma bandeira política", disse Santos.
A presidente Dilma Rousseff já determinou a exoneração ou
afastamento de todos os servidores envolvidos com a Operação Porto Seguro. A
operação, deflagrada no dia 23, resultou, até o momento, no indiciamento de 18
suspeitos.