2012: o ano em que Campinas/SP elege dois prefeitos

Fenômeno inverso ao ocorrido em 2011, quando cassou dois prefeitos, em 2012 Campinas vai eleger dois prefeitos. O primeiro, em março – para um mandato-tampão até dezembro. O segundo, nas eleições de outubro. Se desde o final de 2010 o tema da sucessão já estava na pauta, a eleição de março antecipa as articulações políticas e traz uma série de novos ingredientes para a disputa de outubro.

Candidato há muito comentado, o deputado federal Jonas Donizette (PSB) reúne boas condições...
eleitorais e, talvez, um dilema. Caso Jonas concorra e vença em março. Em outubro, ele estará concorrendo à reeleição? Ainda não se sabe. Isso deve passar pela cabeça do deputado e seu estafe, já que a possibilidade de comandar a cidade por oito anos ficaria reduzida a cinco anos.

Maior bancada da Câmara Municipal, o PMDB chegou a lançar extraoficialmente a candidatura do vereador Dário Saad. Mas a Procuradoria da Câmara informou que qualquer candidato terá que ter ao menos um ano de filiação a uma legenda para poder concorrer. Dário estaria fora por ter trocado o DEM pelo PMDB em setembro (os vereadores Antônio Flores/PSB, Francisco Sellin/PMDB, Luiz Cirillo/PSDB, Paulo Oya/PSC, Petterson Prado/PMDB, Thiago Ferrari/PTB, Zé Cunhado/PP e Zé Carlos/PMDB também estariam excluídos pelo mesmo motivo).

Embora não tenha anunciado oficialmente, um nome em evidência é o do prefeito – e ex-presidente da Câmara – Pedro Serafim (PDT). 

Ele conduziu os processos de cassação dos dois antecessores. Conseguiu, mais do que os acusadores e os membros das Comissões, apropriar-se do discurso da ética e da moralidade pública – bastante conhecido das cidadãs e cidadãos brasileiros.

Serafim terá, entretanto, certa dificuldade. Seu partido foi destroçado no processo de cassação de Hélio de Oliveira. A legenda perdeu cinco dos oito vereadores que elegeu. Se a eleição for indireta, terá que conseguir o apoio de 17 dos 33 vereadores e – indireta ou direta – concorrer com as pretensões das outras legendas, num quadro de extrema pulverização das candidaturas.

A questão jurídica vai polarizar as atenções neste início de ano. 

O juiz Nelson Bernardes informou que caberá aos vereadores definirem algumas regras do processo, ordenou que a eleição aconteça até 26 de março e que o processo seja indireto. Essa última questão assume caráter polêmico na cidade. Partidos já se mobilizam para que o processo seja direto, através do voto popular.

As eleições indiretas forjariam ainda um grande retrocesso com relação à participação no processo. Qualquer candidata ou candidato de partido que não tenha representação na Câmara terá direito de ser votado, mas não terá o direito de votar. Uma aberração que remonta ao tempo da República Velha, quando os coronéis decidiam quem governaria o País.

O trabalho do Ministério Público (MP), cujas denuncias deram origem à crise política, continua fundamental. Por exemplo, o prefeito já havia assumido por 15 dias em outubro – quando a Câmara cassou temporariamente o prefeito Demétrio. À época, foi divulgado que ele faria um governo com os vereadores. No quadro atual, e considerando-se a possibilidade de o colégio eleitoral ser composto exclusivamente pelos vereadores, tal afirmação é, no mínimo, preocupante.

Por fim, há ainda a possibilidade – embora remota – dos dois ex-prefeitos, Hélio e Demétrio, voltarem pelas mãos do Judiciário, já que ações pleiteando a anulação das cassações tramitam nos tribunais.

Se 2012 será um bom ano para cidade ou não, não se sabe. O que todos podem ter certeza é que será um ano de grande agitação política.
De Campinas,

Agildo Nogueira Junior

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