Diárias, Brigas e suspeitas: polêmicas na política sulmineira Ano não foi de Eleições, mas foi movimentado nos bastidores





O ano de 2011 não foi de Eleições, nem por isso o cenário político deixou de ser movimentado no Sul de Minas. Ao longo do ano, polêmicas e denúncias envolvendo prefeitos e vereadores da região chamaram a atenção do público. Em uma delas, o presidente da Câmara de Vereadores de Campanha foi flagrado por uma equipe de reportagem do "Fantástico" vendendo anfetaminas, medicamentos que retardam o sono, para caminhoneiros.
Porém, não só de escândalos viveu a política do Sul de Minas neste ano. Em Borda da Mata, um projeto de lei inusitado quis reduzir os salários de prefeitos e vereadores em 40%.
O assassinato de um ex-prefeito por motivos pessoais chocou a população de Cordislândia e Carvalhópolis. A saúde do prefeito de Pouso Alegre, Agnaldo Perugini, também foi motivo de preocupação. Relembre abaixo os fatos políticos que mais chamaram a atenção em 2011.

Vereador da Anfetamina
O primeiro caso político de repercussão em 2011 para o Sul de Minas pegou de surpresa os moradores do município de Campanha no fim do mês de março. O presidente da Câmara de Vereadores da cidade, Pedro Messias Alves, foi flagrado por uma equipe de reportagem do "Fantástico", da Rede Globo, vendendo anfetaminas, medicamentos usados para retardar o sono, a caminhoneiros em um posto de combustíveis de propriedade dele. Nas imagens, o vereador e um frentista do posto aparecem negociando as anfetaminas e dando orientações sobre o uso do medicamento.
Uma CPI foi aberta pela Câmara para investigar se o vereador cometeu um crime político. No entanto, em junho, a Câmara arquivou a investigação sob a alegação de que os membros da CPI teriam perdido os prazos legais para prorrogar a investigação. Um mês depois, a Polícia Civil concluiu o inquérito que investigou o caso. Segundo a polícia, as imagens do flagrante feito pelo "Fantástico" não serviam como provas. No dia 27 de julho, a Justiça determinou que a Câmara retomasse o caso. Segundo o vereador Gilson César Prock, que assumiu a presidência da casa na época, a CPI chegou a apresentar um relatório final sobre o caso concluindo que houve quebra de decoro parlamentar, porém, por falta de "provas contundentes" não foi apresentada uma denúncia formal pedindo a cassação do vereador. Pedro Messias Alves voltou à presidência da Câmara e o processo está parado na Câmara.

Os vereadores e os salários
Os vereadores de Alfenas bem que queriam aumentar seus subsídios para a próxima legislatura. Um projeto de lei aprovado em primeira votação previa que os vereadores teriam seus salários aumentados em 60% e o prefeito, 20%. Com isso, os representantes do Legislativo passariam a ganhar R$ 8 mil, ante os atuais R$ 4,9 mil mensais, e o prefeito passaria a receber R$ 19,5 mil ao contrário dos R$ 15 mil atuais. No entanto, diante da baixa popularidade da medida, os nobres vereadores foram obrigados a recuar e no dia 15 de julho, o projeto foi arquivado.
Que vereadores sempre tentam um jeitinho para aumentar seus salários não é novidade pra ninguém, mas inusitado mesmo foi um projeto de lei apresentado na Câmara de Vereadores de Borda da Mata. A proposta quer reduzir os salários do prefeito, vice e dos próprios vereadores em 40%. Se a medida entrar em vigor, o município, que hoje gasta R$ 453,6 mil por ano só em salários, terá uma economia de R$ 181,4 mil. O objetivo, segundo o autor do projeto, vereador Luiz Carlos Pinheiro (PMDB), é usar o dinheiro economizado com a redução dos salários em investimentos em outras áreas do município. Alguns vereadores e o prefeito da cidade, Edmundo Silva Júnior, são contra o projeto. Eles dizem que caso os salários forem reduzidos, isso terá um efeito em cascata nos vencimentos de todos os servidores e vai, por exemplo, afugentar médicos que queiram trabalhar na cidade.
Apesar de ter entrado na pauta em novembro, a votação do projeto ficará para 2012. Isso porque ele foi encaminhado para apreciação do Departamento Jurídico da Câmara, já que, segundo alguns vereadores, a redução é maior do que a legislação permite.
A farra das diárias
Mais do que os salários, quem ganhou mesmo espaço no noticiário do EPTV.com neste ano foram as diárias de transportes pagas por prefeituras e câmaras aos vereadores. Mais uma vez na Câmara de Alfenas, a Justiça precisou intervir e obrigou a casa a suspender o pagamento do benefício aos vereadores. Isso porque o município, segundo levantamento da Secretaria Estadual da Fazenda de Minas Gerais, é o campeão em gastos de diárias em todo o Estado. A gastança acontece tanto na prefeitura quanto na câmara e a diferença se comparada com as maiores cidades do Sul de Minas pode ser de até sete vezes mais. Alfenas gastou em 2010, mais de R$ 814 mil em diárias, mais até do que a capital Belo Horizonte, que aparece em segundo lugar no ranking. Somente os 10 vereadores de Alfenas gastaram em 2010 cerca de R$ 222 mil em diárias ou R$ 18,5 mil por mês. Para justificar a farra, o presidente da Câmara, Vágner Tarcísio de Morais, se saiu com uma frase digna de placa. Em entrevista à EPTV, Morais disse que "Vereador não pode ficar comendo marmitex".
Também foram as diárias o motivo de um vereador de Pouso Alegre ser investigado pela Câmara de Vereadores e pelo Ministério Público. Segundo a investigação, Fabrício Machado (PT)teria usado cerca de R$ 9 mil de verbas do Legislativo para viagens particulares ao Rio de Janeiro. Ele teria viajado para a capital carioca com recursos públicos para concluir a faculdade de Fisioterapia, em Duque de Caxias (RJ). Para conseguir o reembolso das viagens, o vereador teria apresentado, entre outras notas, recibos de estacionamento e abastecimento que não coincidiam com a hora em que ele estava em eventos "oficiais", motivo alegado para as viagens.
Escândalos
Política e escândalos são duas palavras que quase sempre andam juntas. E neste ano, a situação não foi diferente no Sul de Minas. No mais grave deles, um vereador de Córrego do Bom Jesus foi flagrado invadindo uma sala de aula de uma escola pública da cidade aparentando sinais de embriaguez. A cena foi gravada por um aluno através de um celular e o vídeo postado na internet. Nas imagens, o vereador Luiz Donizeti da Silva aparece cambalheantes, dizendo que iria fazer um discurso aos alunos. Ele chega a perder o equilíbrio e só sai da sala depois de muita insistência de um professor e um funcionário da escola.
Em Muzambinho, o afastamento do então presidente da Câmara, Otávio Sales Magalhães (PPS) virou uma verdadeira novela. Cassado em setembro por quebra de decoro parlamentar, após uma briga com guarda-chuvas com um outro vereador, Otávio conseguiu na Justiça o direito de retornar o cargo em novembro. No entanto, os demais vereadores bateram o pé. Primeiro o atual presidente da Câmara, Reginaldo dos Santos, suspendeu a sessão quando Otávio retornaria alegando que poderia haver tumulto. Depois ele antecipou a sessão da outra semana em uma hora e não avisou o colega. Resultado: muita confusão e críticas para todo o lado.
Suspeitas e afastamentos
Não bastassem as polêmicas, alguns agentes políticos chegaram de fato a serem denunciados pelo Ministério Público ou afastados pela Justiça. Em Ilicínea, por exemplo, a Justiça mandou bloquear os bens de 10 pessoas acusadas de um esquema de desvio de recursos na prefeitura. Entre os acusados, está um ex- secretário de Saúde e uma ex-secretária de Educação. Conforme a denúncia, eles teriam forjado compras de uma empresa de fachada para desviar dinheiro público.
Em Borda da Mata, vereadores que haviam sido cassados pelo Tribunal Regional Eleitoralvoltaram aos cargos em outubro. Segundo o Ministério Público, os vereadores Benedito Delfino de Mira, Vivalde Raimundo da Silva e Luiz Carlos Pinheiro teriam abastecido veículos usados durante a última campanha eleitoral com dinheiro da prefeitura. Quatro suplentes e o ex-prefeito da cidade, Benedito Cobra Filho, também são acusados de desvio.
No escândalo mais recente, a prefeita de Lavras, Jussara Menicucci (PSDB), o vice-prefeito Cassimiro Silva e 10 vereadores foram denunciados pelo MP por gastos irregulares de recursos públicos. A suspeita é de que eles tenham gasto cerca de R$ 500 mil irregularmente com diárias, gastos com combustíveis e até a compra de bebidas alcoólicas com dinheiro público. Eles foram denunciados por improbridade administrativa e peculato e podem pegar até 12 anos de prisão.
Assassinato de ex-prefeito
Não só denúncias e escândalos movimentaram o meio político na região neste ano. Um ex-prefeito de duas cidades do Sul de Minas, Cordislândia e Carvalhópolis, foi assassinado no dia 16 de agosto na MG-453, entre Machado e Paraguaçu. José Irineu Rodrigues foi morto com dois tiros na cabeça. As investigações apontaram que o prefeito foi morto por um matador de aluguel, contratado por um homem que foi preso no Maranhão, um mês depois, no dia 22 de setembro. Segundo a polícia, o ex-prefeito, que também era advogado, havia atuado em um processo de separação em que a ex-esposa do mandante do crime, José Carlos Martins, o "Zé do Mazinho", foi beneficiada. O matador, um homem de 27 anos, receberia R$ 10 mil para executar o crime.
Saúde
O ano também foi de preocupação para moradores de algumas cidades da região em relação a saúde de seus representantes. Em Pouso Alegre, o prefeito Agnaldo Perugini precisou ficar internado por quase uma semanadepois de passar mal em um evento em Brasília (DF). Ele teve que ser transferido para um hospital de Campinas (SP) onde os médicos constataram uma crise de angina. Depois de ser submetido a um procedimento cirúrgico, o prefeito recebeu alta seis dias depois e voltou a trabalhar. Duas semanas depois, Agnaldo Perugini passou a noite em observação no Hospital Samuel Libâneo, mas retornou aos trabalhos normalmente.
Também por um problema no coração, o prefeito de Elói Mendes, Natal Donizete Cadorini, foi afastado de suas funções no dia 13 de dezembro. Cadorini foi internado no Hospital Humanitas, em Varginha. No lugar dele, assumiu o vice-prefeito, Adauto Pereira Valias.

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