Faltava alguém dizer em público que vai matar Dilma e arrancar sua cabeça. Não falta mais. Por Kiko Nogueira

“Um recado claro à presidenta Dilma Roussef. (…) Renuncie, fuja do Brasil ou se suicide. Dia 7 de setembro a gente não vai pacificamente pras ruas. Juntamente com as Forças Armadas, vamos te tirar do poder. Assuma o seu papel, tenha humildade para sair do país porque, caso contrário, o sangue vai rolar. E vamos fazer um memorial na Praça dos Três Poderes: um poste de cabeça pra baixo. Nós vamos arrancar sua cabeça e fazer um memorial.”

O autor dessas ameaças é Matheus Sathler (imagem ao lado), que se apresenta como advogado num vídeo gravado no último dia 25. Sathler foi candidato a deputado federal pelo PSDB. Não se elegeu.

No ano passado, causou barulho por causa de sua proposta de criação do “kit macho” e “kit fêmea” — como ele mesmo explicou, cartilhas para distribuição nas escolas ensinando “homem a gostar de mulher e mulher a gostar de homem”.

Ele se declara líder de um certo Movimento Mais Valores, Menos Impostos. Numa entrevista para o Uol, gabou-se de sua relação “muito boa com o pastor Silas Malafaia, com o deputado pastor Marco Feliciano e com o padre Paulo Ricardo [sacerdote olavista de extrema direita].”

Evangélico, “pregador” da Assembleia de Deus Ministério Missão Vida, acha necessário “proteger as crianças da influência homossexual”.

Mais do que visivelmente limítrofe, Sathler é o que a jornalista alemã Anja Reschke chamou de “pequeno ninguém” da internet. Reschke falava do alcance do ódio dos extremistas: “Até recentemente, esses comentaristas estavam escondidos atrás de pseudônimos, mas agora essas coisas estão sendo feitas sob os nomes verdadeiros dos autores”, disse ela em seu telejornal. “Aparentemente, não é mais embaraçoso.”

Cometeu um crime. Mas, como em tantos outros casos — para citar apenas dois deles, o do psicótico que invadiu a comitiva presidencial nos EUA e o do agente da PF que praticava tiro ao alvo com uma foto de Dilma —, este também vai ficar impune.

O Brasil é o país onde a noção de tolerância se transformou num laissez faire em que se incita o assassinato numa boa, enquanto a polícia militar faz escolta para um boneco inflável e o ministro da Justiça dá tapinhas nas costas de um miliciano.

Confira o vídeo:

Via: DCM

Post a Comment

Aviso aos internautas:
Quando você comenta como anônimo, sua opinião não tem nenhum valor e não será publicada. Portanto pedimos aos nossos leitores que ao fazer comentários se identifiquem.
A sua opinião é muito importante para nós.

Postagem Anterior Próxima Postagem